domingo, 23 de maio de 2010

Francisco Solano de Abreu


TERÇA-FEIRA, 11 DE AGOSTO DE 2009


Francisco Solano de Abreu


Nesta série de “notas biográficas” sobre figuras ribatejanas já desaparecidas, ainda não tínhamos referido nenhum abrantino, o que vamos fazer hoje.

Personagem plurifacetada, distinguiu-se acima de tudo pelo que realizou em favor da sua terra natal.

O Dr. Francisco Eduardo Solano de Abreu nasceu em Abrantes no dia 19 de Julho de 1858, sendo filho de D. Leonor Emília de Abreu e do Dr. Francisco Rodrigues de Abreu, médico que exerceu clínica no concelho durante vários anos.

Quando estudante de Direito em Coimbra, pertenceu ao grupo “Anda à Roda”, sendo o grande animador da fundação de alguns jornais académicos, como “A Porta Férrea”, “Coimbra em Fralda” e outros.

É bem cedo que se revela a sua vocação para as letras.

Em Coimbra escreveu a revista “No País das Arrufadas” (1882), em que faz uma crítica leve e correctíssima à vida dos lentes e para a récita do seu 5º Ano Universitário, “O Charivari”, peça em três actos.

Entretanto, e ainda estudante, juntamente com um amigo, funda, em 1884, o “Correio de Abrantes”, o primeiro semanário que ali se publicou, ainda que de curta duração (1887). Logo a seguir, cria outro (1888), ligado igualmente a um amigo e intitulado “A Nova” que cessou em 1890.

Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra em 1885, abrindo banca de advogado na sua terra natal.

Filiou-se no Partido Progressista que pouco tempo depois abandona.

Colabora na imprensa diária: “Correio da Noite” e “Diário Popular”.

Foi Administrador do Concelho e Subdelegado do Procurador Régio na Comarca e Juiz Substituto.

Em 1908 era Presidente da Câmara Municipal, lugar em que se manteve até à implantação da República.

A sua dedicação à Assistência e Beneficência na terra natal, considerada a sua maior faceta, originou ter recebido o grau de Comendador da Ordem de Benemerência e a medalha de Mérito, Filantropia e Generosidade.

Pertenceu aos corpos gerentes do Montepio Abrantino Soares Mendes, desenvolvendo intensa actividade em sua defesa e organizando várias diversões no sentido de adquirir fundos.

Criou nele uma farmácia privativa, contribuindo ele próprio com elevada quantia para o efeito.

Em 1905 fundou o Sindicato Agrícola de Abrantes, de que foi presidente.

É provedor da Santa Casa da Misericórdia durante muitos anos, criando no Hospital do Salvador, que dela dependia, o “banco” e fez construir a sala de operações, maternidade e outras instalações.

O Dr. Solano de Abreu também ajudou a fundar a “Sopa dos Pobres”.

Por sua iniciativa erigiram-se na cidade os monumentos a dois abrantinos que se destacaram, o General Avelar Machado, nas armas e na política e a Francisco Taborda, mais conhecido simplesmente por actor Taborda, um predestinado para o teatro.

Após a Proclamação da República o Dr. Solano de Abreu tomou a direcção da sua casa agrícola. Dedicando-se ao fabrico de manteiga, considerada de excelente qualidade, levou-o a publicar o “Tratado Prático do Fabrico de Manteiga” e a participar em vários congressos de agricultura em Portugal e em Espanha.

Faleceu na sua casa de Vale de Roubam, em 27 de Abril de 1941, sem deixar descendentes.

Publicou: Palestras Literárias. Série de discursos; Amorosas (1906),Um Anjo sem Asas, Maltrapilhos e Mulher Purificada, romances;Doutrina Santa, Irmã da Caridade, Madrugada Redentora (1909) e Do Alto da Cruz (1924), peças teatrais, além dos trabalhos que já referimos.
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Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira
Vida Ribatejana,
nº Especial de 1961.

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